Centro histórico de salvador
Wilson Ribeiro dos Santos Júnior and Paula Marques Braga
O debate atual acerca dos projetos de intervenção em áreas históricas, especialmente as situadas em centros urbanos, reitera que estes devem ter como objetivos preservá-las e reinserí-las nas dinâmicas atuais de seus respectivos contextos urbanos. Uma das questões difundidas e mais polêmicas neste debate registra que a forma recorrente utilizada para a reintegração dessas áreas históricas tem implicado em transformar muitas delas em destinos turísticos.
Um rápido olhar sobre as experiências de intervenção deste tipo em diversas partes do mundo revela que o turismo tem sido realmente uma função privilegiada, como se fosse um “caminho natural” a partir de uma leitura parcial das Cartas Patrimoniais, na implantação de novos usos em áreas históricas.
Observa-se, no entanto, que projetos focados no turismo, em muitos casos, devido à forma como foram executados, acabaram por surtir efeito contrário ao da preservação e valorização da cultura local, sendo o mais evidente a perda das características culturais particulares que se alegava querer preservar.
O conjunto desses efeitos negativos, conhecido de forma genérica como gentrification (2), traduz um processo de enobrecimento nas áreas históricas sob intervenção a partir, em geral, da valorização do turismo e da indústria cultural (3), acima das questões sociais presentes nesses locais, transitando a cultura local para o universo da cultura de massa, descaracterizando-a e acarretando, entre outras coisas, em forças de expulsão da população local residente.
A cidade deixa de refletir um significado social construído histórica e coletivamente para dar lugar à valorização da imagem, criando um ambiente artificial, um cenário, e as áreas históricas se transformam em museus a céu aberto (4).
O patrimônio arquitetônico e cultural, que em sua origem teve a função de