Celso Furtado - O mito do desenvolvimento econômico
Celso Furtado escreveu, em 1974, que a idéia de desenvolvimento econômico é um simples mito.
FURTADO, Celso. O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974
Inicialmente, nos inspiramos em Leonardo Boff, que em seu livro Saber Cuidar (Editora Vozes, 2008), escreveu que Mito é algo muito complexo pelas ambigüidades que encerra. Na linguagem comum da comunicação de massa, mito pode veicular uma visão reducionista, ocultadora da realidade. Equivale, então, à ideologia. Mito, para outros, equivale à mera fantasia ou uma interpretação distorcida da realidade. Mito se oporia, então, à realidade. Também se diz que alguém é acometido de mitomania. Quer dizer, tem a mania de inventar “mitos”, acontecimentos fictícios, factóides, ou mania de projetar interpretações mirabolantes da realidade (Boff, 2008:56-7).
“Como negar que essa idéia tem sido de grande utilidade para mobilizar os povos da periferia e levá-los a aceitar enormes sacrifícios, para legitimar a destruição de formas de culturas arcaicas, para explicar e fazer compreender a necessidade de destruir o meio físico, para justificar formas de dependência que reforçam o caráter predatório do sistema produtivo?” (Furtado, 1974:75-6).
Sua primeira afirmação é a de que os mitos têm exercido uma inegável influência sobre a mente dos homens que se empenham em compreender a realidade social. Os cientistas têm sempre buscado apoio em algum postulado enraizado num sistema de valores que raramente chegam a explicar. O mito congrega uma série de hipóteses que não podem ser testadas (Furtado, 1974:15).
Contudo, essa não