catoliscismo
No tempo de Cristo, o rito da Páscoa era celebrado em dois tempos. No primeiro tempo fazia-se a imolação do cordeiro no templo de Jerusalém, na tarde de 14 de Nisan. No segundo tempo fazia-se a consumação da vítima na ceia pascal, na noite de 14 de Nisan, em todas as famílias. Durante a liturgia da ceia o pai de família, que só nesta ocasião era revestido da dignidade sacerdotal, presidia e explicava aos filhos o significado dos ritos. Nessa mesma ocasião fazia também a todos um resumo de todas as maravilhas que Deus fizera em benefício de seu povo. No tempo de Cristo a Páscoa passou a chamar-se "memorial" não só para lembrar a saída do Egito, mas também para lembrar todas as outras intervenções de Deus na história de Israel. A Páscoa era o memorial e o aniversário das quatro noites mais importantes do mundo: a noite da criação, quando a luz brilhou nas trevas. A noite do sacrifício de Isaac, oferecido por Abraão. A noite da saída do Egito, e a noite, ainda futura, da vinda do Messias (Targum sobre Êx 12,42).
Portanto, a Páscoa hebraica era um memorial (conforme a palavra de Êx 12,14) e era também uma expectativa. O drama aconteceu quando, ao vir o Messias esperado, ele não foi reconhecido, e "fizeram dele o que quiseram", e o mataram justamente durante uma festa da Páscoa. Mas, precisamente porque o mataram, realizaram a figura e cumpriram o que se esperava há séculos. Imolaram o verdadeiro Cordeiro de Deus. Enquanto, naqueles dias, como era costume dos judeus, Jerusalém fervilhava de gente para a celebração da Páscoa, ninguém suspeitava que numa "sala alta" da cidade estava acontecendo uma coisa que por muitos séculos todos esperaram. Cristo, depois de ter tomado o pão e dado graças, partiu-o e entregou a seus discípulos, dizendo: Isto é o meu corpo que é dado por vocês; façam isto para celebrar a minha memória (Lc 22,19). Esta palavra "memória" faz-nos lembrar imediatamente que esta mesma palavra estava contida no Êxodo, e