caso clinico profissional- paciente
Casos Clínicos: Transferencência e Contra transferência em Psicologia Médica - Marcelo Trindade Jr
A paciente Ester, 19 anos, procurou um dos médicos de nosso serviço com diagnóstico prévio e duvidoso de esquizofrenia. No momento a paciente apresentava alguma agitação psicomotora, mas sem sintomas produtivos significativos. A mãe procurava o médico clamando ajuda para a filha, mas com um discurso sub-reptício de conseguir um atestado médico para a paciente, alegando doença mental incapacitante, conseguindo assim o direito para uma aposentadoria. A mãe se mostrava intensamente decidida, reinvidicativa, sedutora; a filha mostrava o mesmo comportamento
O médico psiquiatra, dotado de considerável conteúdo técnico devido à longa experiência médica, começou o trabalho terapêutico, desenvolvendo inicialmente um bom vínculo com a família, sobretudo com a mãe, que se queixava sempre que havia procurado vários médicos por vários anos, sem receber a devida atenção, e sem obter o diagnóstico definitivo para a filha. Com o bom vínculo, o psiquiatra refez o diagnóstico, vendo que se tratava na verdade de um transtorno de personalidade, do tipo emocionalmente inevitável, provavelmente borderline (inconstância pervasiva do humor, das relações interpessoais, da conduta (comportamento) e da identidade), com alteração do humor no momento da consulta. De posse desses dados, foi iniciado o tratamento com a medicação e com psicoterapia. As boas relações médico-paciente e médico-família foram primordiais para que houvesse no início um avanço terapêutico. A mãe se mostrava satisfeita com a conduta do médico em questão, que se mostrava solicito e sempre disponível para as perguntas constantes da mãe da paciente. Ela se dizia satisfeita, pois ele, o médico, havia sido o único a tratar bem a família,