Casas que matam que matam
Okamoto
Que lugar pode matar? Como pensar a casa como o espaço do afeto e o lugar de matar? Matar ou esconder os conflitos inerentes à vida em comum, matar ou esconder o afeto?
Neste trabalho busca-se demonstrar uma diversidade de olhares no significado de casa, seus moradores e a arquitetura. Utilizaremos a palavra matar no sentido de morte da independência,da segurança, da convivência. A arquitetura não mata por si mesma, mas quando ela interfere nas necessidades de conforto do ser humano, ela mata aos pouquinhos sem que se perceba. Um ambiente físico NÃO é determinante, mas pode desencadear outros processos no ser humano. Desde o tempo das cavernas, o homem utiliza espaços para se proteger do clima, das intempéries, das invasões de animais, dos inimigos... A casa (tenda, caverna, cabana) serve para proteger o indivíduo, para lhe dar abrigo, espaço para sua sobrevivência e da sua família. Gaston Bachelar descreve a casa como nosso canto do mundo, nosso primeiro universo, verdadeiro cosmos: “A casa, como o fogo, como a água, nos permitirá evocar, (...) luzes fugidias de devaneio que iluminam a síntese do imemorial com a lembrança. São lembranças de infância, de proteção – memória e imaginação: a casa protege o sonhador, permite sonhar a paz.” (1996, 25) Se Bachelar afirma que a casa que “não mata” é um local de intimidade, proteção e calor, pode-se deduzir que não havendo intimidade, nem conforto e habitabilidade, a casa pode matar? A casa constitui-se num símbolo situado entre o micro-cosmos do corpo humano e o cosmos, sendo “um meio termo do qual a configuração iconográfica (...), importante no diagnóstico psicológico e psico-social”, e para o “simbolismo da identidade”. (DURAND apud DUARTE, 2000) A importância da casa está também no poema “Aniversário” de Álvaro de Campos, homônimo de Fernando Pessoa:
”Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há