Casaco de Marx
A vida social das coisas:
Roupa, memória, dor.
Esse livro nos conta e nos mostra a importância da roupa e seu verdadeiro valor. Não o valor material e sim, o valor sentimental que cada peça transmite para nós.
Ele conta trechos de amigos e familiares que perdem seus entes queridos. E como a roupa marca tudo isso.
A lembrança e a dor começam a tomar posse daquele vestido que era de sua mãe, a camisa de seu pai.
Afinal, eles se vão, mas os objetos, a dor da saudade permanecem conosco.
Só quem já perdeu alguém, sabe realmente o valor que um simples casaco tem. Só quem já passou por isso, sabe o quanto é difícil conviver com essas roupas que nunca mais saíram do armário. Que o perfume da pessoa nunca mais fará parte dessas peças. E o pior, saber também o quanto é difícil se livrar delas.
E como é triste saber que muitas pessoas no mundo todo não sabem e, não dão valor para isto.
O trecho mais interessante e mais tocante que eu achei:
“Quem ficará com o retrato de meu pai tocando os toca-discos com seu irmão? No princípio, eu achava essas questões enfadonhas. Para um bom pós-cartesiano, tudo parecia grosseiramente material. Mas, naturalmente eu estava errado e eles estavam certos. Pois a questão é: quem lembrará minha avó? Quem lhe dará um lugar? Que espaço, e quem, meu pai habitará? Eu sei isso porque não posso relembrar Allon White como uma idéia, mas apenas como os hábitos através dos quais eu o habito, através dos quais ele me habita e me veste.
“Eu conheço Allon através do cheiro de sua jaqueta”
Caroline Oriola Nascimento Mello.