Casa
Ato 1° - Da desgraça à esperança
1° cena – a fogueira
Todos os atores aparecem rolando no palco e se unem no centro do mesmo para formar uma fogueira.
Velho Chico sentado e encostado na árvore. Luz vermelha na fogueira.
Fogueira se dissipa com os atores saindo rolando, menos Ícaro, que está no chão, deitado. Luz branca em Ícaro.
Alguns segundos. Apaga luz branca, acende geral.
2° cena – as bolsas
V. Chico acorda, espreguiça-se, pega a sua bolsa, procura algo, vira ela de cabeça pra baixo, nada cai. Vai até o irmão e o cutuca com o pé, para acordá-lo.
C. Ícaro? Ícaro? Acorda, cara.
I. O que foi? (sonolento)
C. Tá na hora de acordar, cara. Vamos comer.
I. Tô indo. Vai pegando a comida.
C. Beleza, me passa a bolsa.
I. Tá perto da árvore, ali.
C. A sua bolsa.
I. A minha? Por que você não pega da sua?
C. Por que só sobrou ar ali.
I. Então espera aí que eu pego a comida.
C. Vai logo então.
Ícaro vasculha a bolsa, percebe que está numa enrascada e tenta dar migué.
I. Olha, Chico, tem certeza que é melhor a gente comer agora?
C. Tenho, pega essa comida logo.
I. Olha, você realmente tem certeza disso?
C. Tenho, cacete, pega logo isso.
I. Mas você não quer checar no teu subconsciente, assim, por um tempo, pra saber se você está mesmo bem certo disso?
C. Qual é cara, tá regulando comida agora?
I. Eu? Como você poderia pensar em algo assim?
C. E então?
I. É que a gente ainda precisa caminhar bastante. Provavelmente a gente não vai arranjar comida no meio do caminho, a não ser cactos. Olha, eu acho que é melhor a gente começar a fazer um jejum que duraria o máximo que pudermos aguentar.
C. Eu não acho. E além do mais você tá estranho.
I. Eu estranho? Eu só estou pensando em nós.
C. Isso que é estranho: você geralmente não pensa. Deixa de baboseira e me passa a comida.
I. Em vez de um jejum de segurança você prefere se alimentar no meio do deserto?
C. Prefiro (arranca a