Casa rural brasileira e casa bandeirista
SÃO PAULO
2014
Arquitetura rural brasileira: as casas bandeiristas
Alain Ferreira Nascimento
A fragmentação e o esquecimento a que foram relegados esses marcos da nossa cultura deve-se a equívocos usuais e generalizados quanto a própria conceituação da arquitetura. Podemos dizer que a arquitetura civil não tem recebido, por parte daqueles que se dedicam ao estudo da história do Brasil a atenção merecida. Notadamente as que mais aparecem nas listas de bens culturais imóveis de proteção ao nosso patrimônio privilegiam a arquitetura religiosa, em quase a sua maioria construídas na época do Brasil colônia. Aqueles que buscam informações sobre o tema muito tem que peregrinar em busca de dados, pois muita coisa não foi registrada e sequer catalogada.
O interesse pela arquitetura rural foi ainda menor, salvo honrosas exceções de trabalhos como de Luís Saia, Arquitetura Rural Paulista do Segundo Século (1944). Somente agora no século XX , quando a maioria de seus exemplares não mais existe, começam a surgir estudos sobre esse tipo de arquitetura.
Para o autor, em meados do século XVII, quando todos os quadros da sociedade bandeirista se estabelecem de acordo com a “experiência local” e com uma “linguagem característica”, a arquitetura também encontra o material mais adequado e a forma capaz de responder às características dessa sociedade, como os dispositivos da igreja, de serviços, da habitação definidos como “organização do espaço”, “sistema construtivo” e “expressão plástica”:
“Até este período de experimentação social e econômica, este esforço de adaptação de conceitos medievais às condições específicas desta parte da Colônia Portuguesa, corresponde a uma fase de experimentação arquitetônica. Enquanto se ajustavam as formas europeias à conformidade do desenho aconselhado pelo novo conteúdo da vida social, também se reajustam a