No capítulo “O Paradigma Dominante”, do livro “Um Discurso sobre as Ciências”, Boaventura de Sousa Santos define o conceito de Paradigma Dominante como o modelo epistemológico da ciência moderna, concebida a partir da Revolução Científica, iniciada no século XVI e ainda hoje, rege a forma como fazemos ciência, tanto as ciências naturais como as ciências humanas. Este modelo, baseado na Racionalidade, na lógica, na redução de todo e qualquer objeto de conhecimento em elementos que podem ser analisados , sistematizados e transformado em leis, controláveis e de total domínio pelo homem, não admite categorias do saber que não obedecem esta norma vigente, ou melhor, que não podem ser compreendidos através deste modelo. Descartes, segundo Boaventura de Sousa Santos, é um dos representantes à consciência filosófica desta época, traduz perfeitamente o espírito do tempo desta transição do paradigma científico. A característica principal deste paradigma consiste em uma nova visão de mundo na qual o saber do senso comum se contrapõe ao conhecimento científico e a natureza é dissociada do ser humano. Pressupondo que, tanto o conhecimento vulgar quanto o ser humano, trazem consigo o caráter subjetivo e, portanto, ilusório, não poderiam ser objetos de estudo e nem poderiam balizar o conhecimento dentro deste novo modelo da ciência. As teorias, tanto Racionalista quanto Empirista, neste cenário, acabam por convergir, de certa forma, enquanto pretendem apreender o conhecimento de forma sistematizada, quantificável e metodologicamente ordenável e previsível, seja partindo de ideias que prescindem a experimentação, como a matemática e geometria, seja partindo da observação detalhadas para estabelecer relações sistemáticas entre os elementos e formular leis que possam ser aplicadas no intuito de dominar e controlar os fenômenos da natureza. Esta concepção da epistemologia científica fez com que a idéia primeira da ciência fosse quantificar,