Casa de bonecas
Casa de Bonecas, a obra mais famosa de Ibsen, de 1879, é um drama social sobre casamento no qual uma mulher-boneca se recusa a obedecer ao marido e põe fim a um casamento aparentemente perfeito renunciando à confortável mentira e elegendo o risco de ser ela mesma, na busca de nova identidade, de uma nova moral. A peça fez grande sucesso e foi encenada em vários países da Europa e da América.
Impressionante como o ritmo da narrativa muda rapidamente, começada em forma de peça, em três atos, com seus personagens floreados pelas aparências sociais impregnadas de suas facetas sociais contaminadas (discurso paternalista, figura da mulher como um ser não-pensante, dependente material e psicologicamente da figura masculina) e transforma-se rapidamente no segundo e terceiros atos, forma em que é apresentada a narrativa, chegando-se ao desfecho final com a libertação feminina da personagem principal, Norma, a mulher-boneca, de toda sua máscara mal construída ao longo de uma caminhada sem identidade. O personagem masculino bem vestido em suas nuances de falso provedor do lar, tratando a figura feminina como a uma bonequinha totalmente controlável, sem identidade, próximo a figura do tratamento de um pai a uma filha mimada.
Consigo imaginar como o romance Casa de Bonecas pode ter impactado a sociedade de época. Afinal, a forte desconstrução da figura santificada feminina que chega a inadaptabilidade de uma felicidade construída no seio do lar, tendo o esposo, os filhos e as convenções sociais vigentes. A favor desta desconstrução de identidade feliz feminina neste meio social burguês decadente, o autor dá um desfecho trágico rompendo com todas as amarras das falsas máscaras de seus personagens. Assim são construídas as peças de Ibsen, com foco mais nos personagens do que nas situações, criando dramas realistas de conflitos psicológicos. Seu tema central é o