Cartografias do ensino de ciencias
Resumo: O presente artigo pretende analisar a constituição dos currículos de ciências e a inserção de conteúdos médicos nos currículos a partir das relações de poder propostas por Foucault e Borges.
Palavras-chave: Currículo de Ciências, relações de poder,
Introdução:
Pode-se afirmar que o ensino de ciências ainda carrega consigo fortes características iluministas e conceitos mecanicistas oriundos da revolução científica do século XVII. Essa visão mais tradicional da ciência e do método científico empirista-indutivista pode ser encontrada ainda hoje, facilmente nos livros didáticos e no próprio ensino de Ciências. Os conteúdos curriculares são elaborados de forma a reforçar uma ideia de que tudo que é natural e biológico é vinculado à verdade, esquecendo que a ciência é também uma produção de nossa sociedade (SANTOS, 2000).
O campo do ensino de ciências, assim como os currículos e os livros didáticos de ciências apresentam um panorama ideal, em que os cientistas partem de uma suposta leitura da realidade do mundo, como se as coisas inscritas nesta ordem natural e descritas por eles fosse a tradução literal, em língua portuguesa, da forma verdadeira do ser da natureza, caracterizando o que comumente se chama de ciência positiva. Porém, a Biologia não pode ser encarada como uma ciência neutra que revela a verdade que já estaria previamente escrita no mundo, (SANTOS, 2000). A ideia da naturalidade do conhecimento como algo a ser apenas descoberto por nós, escapando da noção de construção social, faz parte da formação do profissional biólogo ou do professor de ciências, como salienta Borges (2007). Esta mesma autora acrescenta que essa concepção de naturalidade é uma herança baconiana, caracterizada pelo empirismo e amplamente reproduzida na escola.
Para Latour (1994), a ciência nada mais é do que a política por outros meios, devendo a mesma ser entendida como uma