Cartas de Américo Vespúcio e Pero Vaz de Caminha: O Índio no Imaginário Português
Não reconhecendo nos nativos uma cultura própria, os portugueses pretendiam torná-los súditos do rei de Portugal e cristãos. Eram incapazes de entender os índios e o seu contexto sócio - cultural, reduzindo-os à condição de selvagens, de acordo com os padrões europeus.
Desde os contatos iniciais com os indígenas, os portugueses, de um modo geral, desenvolveram uma visão ambígua sobre eles. O próprio Caminha, em sua carta ao rei Dom Manuel, descreveu-os como "rijos, saudáveis e inocentes". Ao mesmo tempo, comparou-os com animais, chamando-os de "gente bestial e de pouco saber". Américo Vespúcio, em sua célebre carta Mundus Novus, via-os como "índios mansos, vivendo de forma paradisíaca, de acordo com a lei natural".
O livro das maravilhas de Marco Polo
Entre os viajantes ocidentais mais conhecidos está Marco Polo, mercador veneziano que empreendeu uma viagem à China entre 1271-1275. Ao retornar a Veneza, relatou suas experiências ao escritor Rustitchello de Pisa, dando origem ao “Livro das Maravilhas”. A presente pesquisa se vale deste texto a fim de analisar a violência nesta obra de Marco Pólo. Marco Polo se detém em três formas principais de violência ilegítimas: a presença de assassinos, o banditismo e a pirataria. Ele dedica a estes temas um número expressivo de linhas, procurando descrever detalhadamente a ação destes indivíduos dos quais o próprio narrador foi vítima. Dada a sua proveniência ocidental e sua crença cristã, o relato de Marco Polo está imbuído de críticas, algumas vezes latentes, outras explícitas, à religião muçulmana, seguida ou utilizada para seus fins, por muitos bandidos segundo seus escritos. A violência, de fato, é um fenômeno disseminado pelas diferentes sociedades, nos diferentes períodos