Carta
Maria (lavada em lágrimas) – Não é justo, que Deus é este que me quer deixar órfã? Que Deus é este que quer levar para a lama o nome de tão boa família. Não! Mãe! Pai! Vamos fugir, levamos o Telmo connosco … Ó Telmo, onde estás tu para nos amparares … Ó Telmo, não deixes que me levem minha mãe, meu pai! Não! (Cai de joelhos, leva as mãos a cara e soluça sufocada em suas lágrimas)
Telmo (entra de repente,comovido) – Estou aqui! Meu Anjo, meu anjinho! Minha menina! Minha filha! Hoje não morrerás, nem o meu bom senhor, nem a minha querida Madalena. Não hoje, e não nas mãos de um mero impostor!
Madalena – Oh Deus! De que falas tu Telmo? Não… Não percebo! Não dês esperanças a esta pobre criança… A decisão está tomada, sem volta atrás!
Telmo – Madalena, ouve-me … Esta história é… Isto tudo… O Romeiro…
Madalena (indignada) – Já chega Telmo, não quero ouvir mais nesta história. Esta história que destruiu a minha menina, o meu senhor, e amado marido! Não Telmo, não digas mais nada!
Manuel (curioso) – Não! Madalena, vamos ouvir o que o Telmo tem a dizer.
Madalena – Mas…
Manuel – Não Madalena, sem mas! Vamos ouvi-lo! Pior não há-de palavra alguma fazer! (Dirigindo o olhar severo a Telmo, ainda com alguma esperança de que algo fosse mudar) Então Telmo, o que dizias…
Telmo – Senhor, trago boas novas. Passei a noite em claro, com o Romeiro. Ele fugiu!
Manuel (Furioso) – Ora Telmo, como podes dizer uma barbaridade dessa? Como? Com tanto amor e respeito que Madalena te tem… Como pode isso ser uma boa nova? Esse romeiro, esse maldito, agora está livre… Agora poderá deixar cair o nosso Anjo na miséria! Na vergonha! Ó Telmo o que foste tu fazer…
Telmo – Ora senhor! Com todo o respeito… Mas não me deixas-te acabar…Como ia dizendo, após uma noite em branco na companhia do romeiro… Deparei-me, a medida que íamos conversando, com alguns factores que põem em causa a