Carta
Querido amigo
Não desesperes. Lembra-te que, depois desse desterro miserável, a vida, colorida como é, existe. E irás dar-lhe mais valor, por vezes aquelas pequenas coisas que tanto te perturbavam, agora já não farão sentido para ti. Irás pensar: “Porquê? Porquê ficar a matutar em algo tão simples e efémero?” E compreenderás que, por muitas situações que surjam, saberás distingui-las sabiamente. Nessa altura, meu amigo, perceberás um pouco mais sobre a vida.
As férias aqui no Rio estavam a ser excelentes, mas com a carta que me enviaste deixaram de o ser. Tu, como sabes, significas muito mais que umas férias (a partir daqui escrevi mais algumas coisas sobre isto mas foi no definitivo xD)
Olho pela janela enquanto escrevo esta carta, e vejo o céu, luminoso como sempre. Reconforta-me este pequeno prazer que todos os dias nunca me desilude, a tristeza torna-se relativa quando, logo pela manhã, ainda ensonado, espreito pelas frinchas das cortinas e lá está aquela sensação que me aquece por dentro. É nesse instante que sinto que sei quem realmente sou.
Por ai já deve ser noite. O sol foi-se embora e chegou a lua com as estrelas, esses pequenos pontinhos cintilantes. E sabes o que são? São uma demonstração do carinho e do afeto que tenho por ti. Tantos anos, tantas aventuras, tantos confrontos e nós sempre juntos, percorrendo os nossos caminhos. Por isso, cada vez que sentires que não aguentas mais, que queres desistir, olha para as estrelas e lá estarei eu para te apoiar. E lembra-te, para o rio chegar ao mar, teve de superar os obstáculos que lhe surgiram e ser forte para isso, tal como tu. Tens todos os motivos para lutar, então vai à luta e não baixes os braços, que eu, não importa onde esteja, estarei sempre presente para ti. Até amanhã,