Carta Durante a II Guerra
Drancy – França, 14 de Agosto de 1916.
Caro Tio Albert,
Sua carta chegou à minhas mãos hoje... Depois de dois meses de o senhor tê-la enviado, creio que tal demora esteja relacionada à Guerra que tanto atormenta e atrapalha a vida de nossa e de todas as famílias envolvidas. O senhor pede por notícias e eu as darei, meu marido John, meu filho mais velho Filipe e o do meio Robert foram levados para à terrível Guerra. Acredito que eles partiram há cerca de um ano, ou mais, não faço questão de marcar o tempo. A partir do momento que eles não estavam mais aqui, passei a cuidar dos animais e das plantações, com a ajuda de um empregado que é velho e aleijado e por isso não está apto para a Guerra. Não visito muito as fazendas vizinhas, tenho medo do que posso encontrar, mas algumas vezes recebo visitas das mulheres que restaram acompanhadas de seus filhos mais novos, geralmente procurando por alimento. A quantidade de alimento que as terras produzem não são as mesmas, já que apenas duas pessoas não dão conta de produzir o mesmo tanto que era produzido antes. Além do mais, boa parte é levada pelos militares que costumam passar por aqui, ou é levada para o centro da cidade onde a um hospital que recebe os soldados feridos, multilados, aleijados ou até mesmo mortos. Tenho trabalhado lá aos sábados e domingos, limpando feridas, costurando-as e pensando que cada homem que eu vejo por lá poderia ser meu marido ou um dos meus filhos. Às vezes penso em desistir, o cenário que me rodeia é como o inferno, eu imagino que seja até mesmo pior. Mas ainda tenho dois filhos pequenos comigo e mais três crianças órfãs que apareceram nas minhas terras há alguns meses. Todos os dias, assim que acordo caminho lentamente até a porta de casa e olho para a estrada... Com a esperança de ver os rapazes e o meu marido voltando, com vida. Mas o que eu vejo além da estrada e do ceu escuro são as maquinas de Guerra que sobrevoam lentamente a nossa cidade como se