Carta de reclamação do Fidalgo

Terras de Satanás, 15 de Agosto de 1514

Excelentíssimo Senhor S. Pedro, guardião das portas do Céu,

Eu, D. Anrique, fidalgo de Solar, residente na grande cidade de Guimarães, o berço da nação, venho por este meio apresentar uma reclamação junto de V.ª Ex.ª, relativamente ao meu injusto julgamento, á forma como vosso anjo me tratou, e aos maus tratos por parte do Diabo, tanto na sua Barca como nas suas terras Infernais.
Para informação de V.ª Ex.ª eu fui insultado pelo seu anjo, o meu nome tao prestigiado foi ridicularizado e posto em causa ao atribuir-me diversos nomes tais como “explorador do povo”, tirano”, “vaidoso, “presunçoso”, entre outros, tais insultos não seriam possíveis de se adaptar numa pessoa de tão alto nível como eu. Queria informar também V.ª Ex.ª que o tratamento do Diabo não é adequado a uma pessoa do meu estatuto social, logo eu que tenho privilégios sobre os outros, pois fui obrigado a trabalhar, a lavar o convés, como se fosse um criado, estes atos são completamente inadmissíveis para a minha classe social e para o meu estatuto social, alguma vez um fidalgo iria trabalhar, que vergonhoso. As reclamações não acabam por aqui V.ª Ex.ª, antes de ser condenado ao meu injusto destino, ainda pedi para voltar a terra para ver a Minha amada e este não me permitiu voltar, onde já se viu recusar algo a um fidalgo como eu. Mas acima de tudo, estou também insatisfeito com o meu julgamento pois eu não merecia ir para tao hostil lugar onde tudo está sujo e mal cheiroso, onde as pessoas são maltratadas.
Perante tudo isto exijo um novo julgamento no qual participe outros anjo e que aquele que me insultou seja enviado para as terras ardentes do inferno para ser castigado pelos seus insulto para com a minha pessoa, exijo também ser indemnizado devido ás perdas materiais pois as minhas luxuosas e caríssimas vestes estão completamente em mau estado e têm um cheiro insuportável, e acima de tudo aguardo que o meu destino final seja o paraíso, pois é lá