Carta de Atenas
Na história das cidades, as imagens de perfeição têm produzido paradigmas como resultado de um desejo utó- pico de ordenamento e organização do espaço. Um dos paradigmas que talvez tenha influência sem precedentes foi a Carta de Atenas de 1933, resultado do IV CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna). O do- cumento preconizava a organização da cidade a partir de quatro funções básicas: trabalhar, habitar, circular e cul- tivar o corpo e o espírito, basicamente o gérmen da idéia da zonificação. Sessenta e cinco anos depois, a Comunidade Euro- péia, representada por onze países, publica o documento intitulado New Charter of Athens (1998) rediscutindo ques- tões urbanas “mais apropriadas para os nossos tempos”. Este trabalho traz, primeiramente, um breve panorama do repensar urbanístico; em seguida, apresenta os princípios da Nova Carta de Atenas; e, por fim, as reflexões que defi- nem a complexidade e a emergência da discussão sobre a busca de um paradigma espacial de sustentabilidade urbana.
Breve panorama do repensar urbanístico
Segundo Choay, a palavra Urbanismo é relativamen- te recente e corresponde à nova realidade da expansão da sociedade industrial, tendo um caráter tanto reflexivo como crítico (CHOAY, 1979). Por assumir este viés de planejar e organizar a sociedade industrial em novas funções sobre antigas estruturas urbanas, diferencia-se dos precedentes históricos do Urbanismo Clássico. Ao longo do Século XIX, ressaltam-se preocupações quanto à qualidade de vida e aos limites de crescimento e expansão de cidades. Ruskin e Louis Waurin alertam para as condições de vida dos operários e Owen cria as Trade Unions. O Falanstério de Fourier, a Cidade Linear de Arturo Soria e Mata, a cidade-jardim de Ebenezer Howard são exemplos de modelos utópicos que procuravam soluções para a situação de injustiça social instaurada nas cidades industriais (MAGALHÃES, 2001). As primeiras medidas para conter os excessivos pro- blemas advindos do rápido