Carta ao Joseph Lourin

18408 palavras 74 páginas
FREI LUÍS DE SOUSA
ALMEIDA GARRETT

PEÇA DE TEATRO

Esta obra respeita as regras do
Novo Acordo Ortográfico

A presente obra encontra-se sob domínio público ao abrigo do art.º 31 do
Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos (70 anos após a morte do autor) e é distribuída de modo a proporcionar, de maneira totalmente gratuita, o benefício da sua leitura. Dessa forma, a venda deste e-book ou até mesmo a sua troca por qualquer contraprestação é totalmente condenável em qualquer circunstância. Foi a generosidade que motivou a sua distribuição e, sob o mesmo princípio, é livre para a difundir.
Para encontrar outras obras de domínio público em formato digital, visite-nos em: http://luso-livros.net/

Acto Primeiro

Câmera antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa elegância portuguesa dos princípios do século dezassete. Porcelanas, jarrões, sedas, flores, etc. No fundo, duas grandes janelas rasgadas, dando para um eirado que olha sobre o
Tejo e donde se vê toda Lisboa; entre as janelas o retrato, em corpo inteiro, de um cavaleiro moço, vestido de preto, com a cruz branca de noviço de S. João de Jerusalém. Em frente e para a boca da cena um bufete pequeno, coberto de rico pano de veludo verde franjado de prata; sobre o bufete alguns livros, obras de tapeçaria meias feitas e um vaso da China de colo alto, com flores.
Algumas cadeiras antigas, tamboretes rasos, contadores. Da direita do espectador, porta de comunicação para o interior da casa, outra da esquerda para o exterior. É no fim da tarde.

CENA I
MADALENA só, sentada junto à banca, os pés sobre uma grande almofada, um livro aberto no regaço, e as mãos cruzadas sobre ele, como quem descaiu da leitura na meditação.

MADALENA
(repetindo maquinalmente e devagar o que acaba de ler)
Naquele engano de alma ledo e cego que a fortuna não deixa durar muito…
Com paz e alegria de alma... Um engano, um engano de poucos instantes que seja. Deve de ser a felicidade suprema neste

Relacionados