Carta 7 (Cartas Chilena)
Há tempo, Doroteu, que não prossigo
Do nosso Fanfarrão a longa história.
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Que não busque cobrí-los com tal capa,
Que inda se persuada que os maís homens
5 - Lh.os ficam respeitando, como acertos .
Enquanto ao conhecer destes despejos,
Pespega à lei a boa inteligência,
Que extensiva se chama. Sim, entende
Que aonde o rei ordena que só haja
10 - Recurso a ele mesmo, nos faculta
Recurso aos generais, pois que estes fazem,
Em tudo, e mais que em tudo, as suas vezes.
Ah! dize, meu amigo, se podia
Dar-lhe outra inteligência o mesmo Acúrsio .
15 - Esse grande doutor, que já nos finge,
Nos princípios de Roma, conhecida
A Divina Trindade, e que pondera
Que do cão, que na palha está deitado,
A velha fúria, lei se diz canina.
20 - Maldito, Doroteu, maldito seja
O pai de Fanfarrão, que deu ao mundo,
Ao mundo literário tanta perda,
Criando ao hábil filho numa corte,
Qual morgado, que habita em pobre aldeia!
25 - Ah ! se ele, doce amigo, assim discorre,
Sabendo apenas ler redonda letra,
Que abismo não seria, se soubesse
Verter o breviário em tosca prosa.
Se entrasse em Salamanca, e ali ouvisse
30 - Explicar a questão daquela escrava
Que foi manumetida em testamento,
Se três filhos parisse, e outras muitas
Que os lentes nos ensinam, desta casta !
Enquanto, Doroteu, ao outro ponto
35 - De julgar aos expulsos inocentes,
Também razão lhe dou, porque, primeiro
Se informa com aqueles, que os réus dizem
Que sabem, mais que todos, do seu caso.
Nem é de presumir que estes lhe faltem
40 - A verdade, jurando, pois têm alma.
Sê boa testemunha, meu paizinho
A quem o vulgo chama Pé-de-Pato.
Confessa se não foste o que