Carros Fúnebres de Pelotas
O primeiro carro fúnebre mandado a vir para a Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, chegou em abril de 1853. A irmandade havia sentido a necessidade de um veículo que servisse para levar condignamente os mortos até ao campo santo, e que condissesse com o desenvolvimento da cidade.
A Santa Casa de Misericórdia se viu obrigada a adquirir outros carros de menor valor a fim de atender a população de menos recursos e também as pessoas pobres. Esta é uma observação bastante interessante, pois é sabido que ao tempo dos grandes senhores dos barões, os pobres eram discriminados e nem para morrem poderiam fazê-lo como os ricos.
Mas, desses, carros históricos, existem dois remanescentes carros fúnebres, que são verdadeiras obras de arte. Um deles possui detalhes em esculturas de madeira, forma de anjinhos, leões e arabescos diversos.
Estes são históricos porque, além de serem uma obra de arte que não se faz mais, retratando uma época que serviam de condução à última morada a ilustres pelotenses, anônimos ou não, nobres ou beneméritos. Elas lembram o tempo do apogeu econômico e cultural de uma cidade, quando o requinte e a erudição eram características do povo daqui. Quem vinha a Pelotas, queria saber por que só aqui se dizia “casa de pompas fúnebres”.
Segundo Noris Mazza, o enterro de seu pai, Carlos Vianna Moreira, ocorrido em 1970, foi o último cortejo com pompas fúnebres. “O comércio fechou todo e quando passou pelas lojas da Andrade Neves, o cortejo parou e foi um silêncio profundo, só se ouvindo os casos dos cavalos parados batendo nas pedras da rua”.
Muitos humildes cidadãos chegaram ao campo santo levados por um desses carros, bem como ricos senhores seguiam num outro de luxo, tirado a quatro ou seis parelhas de cavalos, conforme a fortuna, até o lugar onde todos são iguais.
As carruagens escuras, adquiridas em 1853, vieram do Rio de Janeiro e servia funerais de pessoas adultas; a branca, adquirida em 1861, servia para funerais de