Carolina De Jesus Uma Escritora Da Favela
A obra de Carolina de Jesus reflete sua vida marginalizada e de exclusão social, fala da mulher favelada, de uma tentativa ingrata de sobrevivência, por ser negra mãe solteira e catadora de lixo, trás em sua literatura uma forte carga emocional, um apelo pelos menos desvavorecidos, fala dos valores e sonhos de Carolina de Jesus. Essa autora enfrentou em sua época vários obstáculos, numa sociedade patriarcal ela era mulher negra pobre e mãe solteira, mas mesmo assim era uma mulher com muitos sonhos e valores familiares era preocupada com a educação dos seus filhos, do exemplo que era para eles, queria ter uma familia organizada, se compadecia com as mulheres que eram exploradas e maltratadas por seus companheiros, achava errado a forma de como as crianças eram educadas na favela e se refugiava nos seus escritos, “escondia-se” escrevendo para não discutir com alguém, para esquecer de uma raiva ou uma fome que não podia dar jeito naquele momento, sua capacidade de se expressar na escrita era sua arte, era seu alento.
Relembrando sua vida, Carolina de Jesus era moradora da favela do Canindé e estudou apenas até a segunda série do ensino primário numa pequena cidade no interior de Minas Gerais. Migrou para São Paulo e vivia de catar papel, ferros e estopa do lixo, após tentar a profissão de empregada doméstica. Era descendente de escravos e mãe solteira de três filhos pequenos de pais diferentes. A condição social da escritora, aliada às questões raciais e ao fato de a escritora ser mulher, aparece representada em Quarto de despejo, que pode ser considerado “o diário da fome cotidiana, da miséria, dos abusos e preconceitos sofridos por ela, seus filhos e outros favelados” e retratar o cotidiano de uma favela revelando na obra conflitos interpessoais, críticas socias, trazendo relevância para sociedade em um discurso feminista dentro da perspectiva da mulher e, sobretudo da mulher negra, tentando denúnciar algumas mazelas da sociedade da época de salientes