Carlos MIllan - Arquiteto
Talvez um dos arquitetos que melhor sintetiza as mudanças e vicissitudes que a arquitetura de São Paulo sofreu na década de 1950, através de uma obra curta em tempo, mas de qualidade inquestionável e atemporal. Este é Carlos Millan, um dos grandes heróis* da vanguarda de nossa arquitetura, personagem que transitou e gravitou em torno das duas principais instituições formadoras de conhecimento da arquitetura paulista da época: Mackenzie e USP. Seus primeiros projetos após a graduação mackenzista, intercalados com o trabalho na pioneira loja de mobiliário Branco e Preto, mostravam forte influência da arquitetura norte-americana, com grandes beirais, telhado aparente e detalhamento exaustivo de materiais, como pode ser visto, por exemplo, nos projetos para a Residência Tomás Marinho de Andrade (1953, claramente influenciada pela Casa Kaufmann de Richard Neutra) e Residência Oswaldo Mitsuo Fujiwara (1955, com exagerada especificação de materiais e dispendiosa execução). O gosto pelo detalhe e extinção de dúvidas projetivas através do desenho foi uma de suas marcas, e embora sua arquitetura sofresse de mutação perpétua, o detalhamento e soluções bem pensadas (ainda que mais sucintas e simplificadas) foram elementos sempre presentes em sua obra. A transição mais marcante em seus projetos, se dá no final dos anos 1950 e início dos anos 1960, quando divide escritório junto com Joaquim Guedes. Sua arquitetura começa a sofrer forte influência da obra tardia de Le Corbusier (mesma referência para Guedes) e do pensamento e postura daquela geração paulista, engajada, em diversos aspectos, por Vilanova Artigas**. Como um "agente duplo", Millan começa a lecionar na FAUUSP, ao tempo em que já vinha dando aulas no Mackenzie. Nos 4 anos que antecedem seu falecimento (em 1964), Millan desenvolve seus trabalhos mais impressionantes, como o edifício dos