Carlos Drumond
"Bolero de Ravel" - este poema tem como mote "Bolero", a obra mais famosa do compositor e pianista francês Maurice Ravel (1875-1937). Ravel compôs essa música como um simples exercício de orquestração, sendo construída em um ritmo invariável e numa melodia uniforme e repetitiva. A única sensação de mudança que temos se dá por uma mudança na intensidade dos instrumentos em determinadas partes da música. Essas características da obra aparecem no poema de Drummond através de referências como "espiral de desejo", "infinita, infinitamente" e "círculo ardente". O poema ganha significado através do contraste entre uma "alma cativa e obcecada", e um "aéreo objeto". Esta alma, que por não tocar jamais seu objeto de desejo (por isso "aéreo"), está presa num círculo infinito de "desejo e melancolia". Assim, "nossa vida" está presa nesse "círculo ardente" do desejo, numa dança infinita, onde os tambores servem para abafar a verdade de que o Imperador (o "desejo", ou aquele que impõe o objeto de desejo) na realidade está morto.
"La Possession du Monde" - Georges Duhamel foi um escritor francês que durante a década de 1930 e 1940 viajou pelo mundo divulgando a língua e a cultura francesa, além da ideia de construir uma civilização mais baseada no "coração humano" do que no avanço tecnológico. Tendo isso em mente, podemos pensar que este poema trata de questões como as qualidades da ética num mundo denegrido por um avanço técnico-econômico megalomaníaco e as relações secretas que ligam o desejo, o gozo (obtenção do objeto de desejo) e o "sentimento do mundo", uma vez que a