Carlos drumond de andrade
Raramente dava entrevista e se deixava ser fotografado. "Como a cara que Deus me deu não é das mais simpáticas, e costuma ficar ainda pior quando fotografada, costumo fugir das objetivas como o diabo foge da cruz", contou a Humberto Werneck em entrevista em VEJA (Editora Abril), de 1977. Mas quem diria que o poeta gauche (tímido) adorava passar trotes aos amigos? Passava a mão no telefone e ligava. Imitava outra voz e os enganava. Drummond é um poeta como muito mais do que sete faces. Deixou uma obra extensa e uma certeza: de que a poesia não precisa ser difícil, ela pode ser lida à beira mar, como quem caminha com destino a um lugar desconhecido
Drummond foi casado por 62 anos com Dolores Dutra de Morais. Porém, durante 36 anos, Lygia Fernandes, 25 anos mais jovem que o poeta, e Drummond namoraram (como eles preferiam chamar o caso extraconjugal). Se conheceram, em 1951, no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, onde trabalhavam. Eles se viam todos os dias, mesmo depois de o poeta se aposentar. Drummond fez várias poesias para ela e deixou, pelo menos, três livros de poemas inéditos, além de manuscritos de Lição de Coisas e Boitempo. Lygia morreu em 2003 e seus familiares recolheram o material. Até hoje se recusam a divulgá-lo. Um tesouro perdido.
Em 1924, Carlos Drummond de Andrade, na época com 22 anos, publicou o livro Os 25 poemas da Triste Alegria,