Cariri, sul cearense
Texto de Rosemberg Cariry
A região do Cariri cearense é um oásis, o verde coração do semi-árido nordestino. Apesar de ser uma terra de farturas e de portentos, sua história revela a tragédia do processo civilizatório sertanejo no destino de um povo - os Cariri (Kariri ou Quiriri) - que se fundiu na carne e na alma dos seus inimigos: fazendeiros, criadores de gados, agricultores e vaqueiros oriundos de Sergipe, de Pernambuco e da Bahia. Ao Cariri cearense, centro geográfico com eqüidistância para as principais capitais do Nordeste, desde meados do século XVII até os dias de hoje, continuam a chegar multidões sertanejas, em um fluxo constante, atraídas pela fertilidade e pela sagração do território como espaço mítico.
A Chapada do Araripe
A natureza no Cariri cearense é generosa. O santuário ecológico da chapada do Araripe – que em língua indígena significa Lugar das Araras, com uma altitude de 900 metros, detém uma rica biodiversidade, formando o ecossistema peculiar da região, caracterizado pela fertilidade do solo e pelo clima ameno. A chapada do Araripe ocupa uma área de 180 km de extensão na direção leste-oeste e 50 km de largura na direção norte-sul. Composta de várias camadas de arenitos e uma de calcário, teve a sua formação durante o período cretáceo. A formação Santana é hoje um dos sítios paleontológicos mais importantes do mundo, sendo protegido como patrimônio cultural do povo brasileiro. Nas pedras calcárias encontradas quase à superfície da terra pode ser encontrada uma imensa variedade de fósseis de vegetais, peixes, tartarugas, conchas, dinossauros e répteis voadores. Dada a sua importância geográfica e a necessidade da sua preservação para o equilíbrio ecológico do semi-árido nordestino, no ano de 1946, o então presidente Dutra assinou o Decreto-Lei que criando a Floresta Nacional do Araripe-Apodi, com uma área de 34.790 hectares. Já recentemente, um outro Decreto-Lei da presidência da República criou a