Ao se auto exilar no Chile em agosto de 1964, FHC vive um de seus períodos mais prósperos como intelectual. Logo após sua chegada ao país, foi contratado como diretor-adjunto do Instituto Latino- Americano e do Caribe de Planificação Econômica e Social (Ilpes), órgão de pesquisa da ONU, com sede na capital chinela, e que se vinculava à Comissão Econômica para a América Latina (Cepal). Dentro desses dois órgãos governamentais se concentravam todo o debate socioeconômico vivido pelos países latino-americanos. Ali, Fernando Henrique Cardoso, conheceu Enzo Faletto sociólogo e economista local, o qual juntos redigiram uma de suas mais famosas e comentadas obras, Dependência e Desenvolvimento na América Latina. Obra está escrita estritamente com base nas fontes documentais e bibliográficas contidas na Cepal. Nela os autores se propõem a oferecer uma nova tentativa de interpretação da modernização e do desenvolvimento econômico ocorridos na América Latina nos anos que sucederam 1930, defendiam a tese de que os investimentos estrangeiros não eram obstáculos ao desenvolvimento da economia interna de países periféricos, como os latino americanos, e sim seriam sua alavanca para a internacionalização do mercado, e seria esse capital estrangeiro quem dinamizava os países dependentes. "Dependência e desenvolvimento na América Latina escandaliza as esquerdas pelo seu otimismo em relação às possibilidades de desenvolvimento econômico-social dos países latino-americanos dentro do capitalismo-dependente. [...] uma tese tão escandalosa como, por exemplo, a de “Casa Grande & Senzala”. Gilberto Freyre tornou a miscigenação um motivo de exaltação e base de uma promessa de realização brasileira futura. FHC fez da dependência, a base do seu desenvolvimento capitalista, reabrindo o horizonte. O que impedia o desenvolvimento tornava-se o seu dinamizador." (José Carlos Reis).