Carandiru
Em Estação Carandiru, Drauzio Varella narra com brilhantismo histórias sobre a antiga Casa de Detenção de São Paulo no bairro Carandiru. O livro relata o funcionamento do lugar, com sua superlotação e leis internas criadas pelos próprios presos, com castigos que incluíam até a morte dependendo do deslize do acusado.
Em condições estruturais capengas, milhares de homens cumpriam penas por todo tipo de crime (roubos, homicídios, estupros, tráfico de drogas), espremidos em celas espalhadas por pavilhões. Cada pavilhão recebia presos de determinado perfil, incluindo uma ala apenas para aqueles ameaçados por outros companheiros - seja por acertos de conta herdados das ruas, ou delações - e que não saiam da cela nem para o banho de sol.
A história contada não nasce de uma mera pesquisa feita pelo autor, mas por sua experiência dentro do presídio onde trabalhou como médico voluntário numa enfermaria em más condições e tendo como auxiliares detentos que nunca tinham estudado medicina, mas com conhecimento adquirido no mundo do crime ao cuidarem dos próprios ferimentos ou pelo uso de entorpecentes aplicados diretamente na veia.
Relatos sobre como alguns detentos tornaram-se criminosos e foram parar na Casa de Detenção de São Paulo, como funcionava o comércio paralelo de todo tipo de mercadoria dentro do presidio, a circulação de drogas, as doenças, as visitas de parentes, esquemas escusos que envolviam funcionários, companheirismo, brigas, homossexualismo, religião, enfim o cotidiano do lugar vivido em loco par Drauzio Varella; até o massacre em 1992, que terminou com cento e onze detentos assassinados e tempos depois com a desativação do presídio. Leia tudo isso em Estação