Carajás deu início à globalização da Vale
Em um mês de prospecção e com orçamento total de US$ 100 mil apenas, equipe descobriu manganês e ferro no Pará – sinalizando os gigantescos depósitos ainda a serem identificados.
Responsável por consolidar a presença da Vale no mercado transoceânico de minério de ferro e por permitir que a mineradora se tornasse hoje uma “global mining company” com oferta diversificada de produtos, Carajás (PA), no entanto, não foi obra do acaso. Uma conjunção de fatores extremamente favoráveis foi necessária para viabilizar não somente o aproveitamento da jazida de minério de ferro, como o desenvolvimento posterior de outras minas, como as do complexo Sossego, para extração de cobre.
Carajás é fruto, antes de qualquer coisa, do investimento em tecnologia e recursos humanos por parte da United States Steel Corp, gigante siderúrgico norte-americano que buscava novas fontes de suprimento de manganês. Havia a opção do Gabão, na África, mas a United Steel temeu perder o controle da operação devido à Guerra Fria, por conta das revoluções que sacudiam o continente no final da década de 1960. Por conta disso, partiu para a segunda opção, a Amazônia brasileira.
O primeiro passo foi a criação de uma subsidiária local, a Cia Meridional de Mineração, liderada pelo norte-americano radicado no Brasil, Gene Tolbert, que em maio de 1967 iniciou o programa em São Felix do Xingu (PA). No mesmo ano, com o uso de helicópteros na prospecção, a equipe em um mês de trabalho e com um orçamento total de US$ 100 mil, já havia encontrado manganês e minério de ferro.
Em vista da grande reserva de minério de ferro descoberta pela empresa norte-americana, os governos militares do Brasil, que eram pró-Estados Unidos, mas também nacionalistas, não vacilaram quando Francisco Moacyr Vasconcelos, então diretor do escritório do DNPM em Belém, deu o alerta sobre o potencial descoberto no momento em que a Steel requereu 160 mil ha de áreas.
Quatro anos se passaram e,