Capítulo 13 - “A ópera dos três cruzados: 1985-1989”
Eduardo Modiano
(Janete Duarte)
Durante a 2ª metade da década de 80, a política econômica brasileira concentrou-se no combate à inflação: os planos de estabilização ortodoxa, adotados no período de 1981-84, promoveram o ajustamento externo da economia, mas não conseguiram evitar a escalada inflacionária. Portanto, fazia-se necessário priorizar a desindexação da economia, o que produziria uma queda mais rápida da inflação do que a contração da demanda agregada, com custos menores em termos de recessão e desemprego.
Este capítulo analisa as diversas políticas de combate à inflação adotadas no período 1985-89: estas variam de acordo com o tema, da ortodoxia à heterodoxia, e segundo o ritmo, do gradualismo ao choque.
A Nova República instalou-se em março de 1985 e o novo governo deu início à gestão da política econômica com anúncio apenas de medidas de austeridade fiscal e monetária.
Um congelamento de preços foi determinado pelo ministro da Fazenda, Francisco Dorneles, para o mês de abril3. Além disso, visando amortecer a aceleração da inflação, as fórmulas de cálculo da correção monetária e das desvalorizações cambiais foram modificadas, estendendo a “memória” do processo inflacionário de um para três meses.
O mês de junho marcou o início de descompressão dos controles sobre os preços privados e de descongelamento dos preços públicos.
A recomposição dos preços apenas começava quando a economia sofreu um violento choque de oferta agrícola, com os preços dos gêneros alimentícios no atacado aumentando, “puxando” para cima a inflação. O fracasso do pacote antiinflacionário marcou, com a substituição do ministro da fazenda, o final da 1ª fase da política econômica da Nova República.
O novo ministro, Dílson Funaro, anuncia uma meta antiinflacionária mais modesta: estabilização à taxa de 10% ao mês e, as correções monetárias e cambial voltariam a ser norteadas pela inflação do próprio mês em curso. A nova