CapituloFisiologiaRenal
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Capítulo 3 – Fisiologia RenalNancy Amaral Rebouças
Papel dos rins no organismo
Os rins são os órgãos mais diretamente envolvidos na manutenção da constância do meio interno, em outras palavras, na manutenção da homeostase. O perfeito funcionamento dos rins nos confere grande liberdade no que se refere à ingestão de diferentes tipos de alimentos, de água, de alguns medicamentos etc. A extensão dessa liberdade é mais claramente evidenciada quando estamos diante de um paciente com falência renal, o qual tem que se submeter a acentuadas restrições quanto à ingestão de água, sais e proteínas. Entre as principais funções dos rins podemos incluir: 1 - Excreção de produtos metabólicos e substâncias exógenas.
2 - Regulação da osmolaridade e do volume dos fluidos corporais. 3 - Regulação da excreção de potássio.
4 - Regulação da excreção de cálcio e fósforo. 5 - Regulação do equilíbrio ácido-básico. 6 - Regulação da pressão arterial. 7 - Produção e secreção de hormônios. Os diversos tópicos que se seguem abordarão os diversos aspectos da função renal que, em conjunto, garantem a manutenção da homeostase do organismo e a possibilidade de uma vida livre, pelo menos no que se refere à ausência de restrições primárias, como ingestão de água e alimentos de um modo geral.
Parte 1: Fluxo sanguíneo renal e filtração glomerular
O primeiro passo na formação da urina é a produção de um ultrafiltrado de plasma nos glomérulos. O ultrafiltrado não tem os elementos celulares do sangue e é essencialmente livre de proteínas. As concentrações de sais e moléculas orgânicas são similares no plasma e no ultrafiltrado. Os rins oferecem pouca resistência ao fluxo sangüíneo, de tal modo que ambos recebem usualmente 20 a 25% do débito cardíaco, cerca de 1.000 a 1.200 mL de sangue por minuto, embora correspondam a apenas a 0,5% do peso corporal. Esta taxa de fluxo sangüíneo, cerca de 400 mL/100g de tecido por minuto, é muito maior do que a observada em outros leitos vasculares