Capitulo IX
O MUNDO EM GUERRA
Se entre 1920 e 1940 a evolução do fotojornalismo diferiu, nalguns aspectos, da Europa para os Estados Unidos, a partir dos anos quarenta as culturas fotojornalísticas europeia e americana convergem mais. Este fenómeno deve-se a factores como (a) o advento da telefoto, em 1935, (b) a emigração de fotojornalistas e editores europeus, fugidos a Hitler, para os EUA, (c) a cobertura "conjunta" da Segunda Guerra Mundial e dos conflitos posteriores por fotojornalistas de todo o mundo, (d) a crescente transnacionalização das culturas e da economia e (e) o poderio das agências mundiais, que, mesmo no domínio do fotojornalismo, vão predominar no mercado e abastecê-lo, pelo menos até meados dos anos setenta, em que se dá a reacção dos Países Não Alinhados.(160)
Nas vésperas do conflito, Roman Vishniac fotografou os bairros judeus na Polónia, elaborando um documento que viria a ter uma mais-valia histórica acumulada devido ao genocídio dos judeus pelos nazis.
No campo técnico, a invenção mais significativa foi a do fotómetro, logo no início dos anos quarenta.
A cobertura da Segunda Guerra Mundial, apesar da força que o fotojornalismo tinha já adquirido, não deixou de ser problemática. De facto, tal como aconteceu com as imagens da Guerra da Crimeia obtidas por Fenton ou com as fotografias da Grande Guerra, a fotografia "jornalística" da Segunda Guerra Mundial foi usada com intuitos manipulatórios, desinformativos, contra-informativos e propagandísticos, mas mais eficazmente: a censura impediu a publicação da verdadeira face do conflito (os mortos e os mutilados) e encorajou a publicação as fotografias que apoiavam o esforço de guerra, como os "heróicos" raides aéreos diurnos aliados ou o ambiente simultaneamente "épico" e cavalheiresco das casernas dos aviadores ingleses.(161) Ou ainda a fotografia de Cecil Beaton de uma menina ferida num bombardeamento que no hospital se agarra à sua boneca, "(…) pra que os receptores se sintan