Capitulo 06 may rollo
O Contexto da. Psicoterapia
GOSTARIA DE DEIXAR claro, desde o princípio, qual a relação que existe entre os meus pontos de vista e a chamada psicologia e psiquiatria existencial. Fui treinado em Psicanálise na escola interpessoal ou neofreudiana; mas toda a vida tenho sido um dos que acreditam que a natureza do próprio homem deve ser entendida como uma base para a nossa ciência e arte de psicoterapia. Os desenvolvimentos existenciais em nossa cultura, quer na literatura, na arte, na filosofia ou na ciência, tiveram, precisamente, como sua razão de ser a busca dessa compreensão do homem. Portanto, dei grande valor a esses desenvolvimentos muito antes de ter ouvido falar sobre a contemporânea psiquiatria existencial na Europa. Mas não sou um existencialista na acepção cultista européia. Penso que nós, na América, temos que desenvolver abordagens que sejam compatíveis com a nossa própria experiência e que devemos descobrir o que necessitamos, em nossas próprias situações históricas — uma atitude que, em si mesma, é a única verdadeiramente “existencial”, em minha opinião.
97
O desenvolvimento fenomenológico e existencial, em Psiquiatria e Psicologia, tem sido proeminente na Europa há várias décadas. Quer se goste ou não dos termos, as questões que levaram a esse desenvolvimento são genuinamente importantes e precisam ser diretamente enfrentadas. Existem numerosas ênfases nesse movimento que, acredito, são de especial valor e que podem muito bem ser de crescente valor no futuro desenvolvimento da Psiquiatria e da Psicologia. Comecemos por três dessas ênfases.
A primeira é um novo modo de ver a realidade do paciente, a que se dá o nome de fenomenologia. O método fenomenológico recebeu a sua forma contemporânea particular, no continente europeu, graças à obra de Edmund Husserl. Trata-se, essencialmente e nos termos mais simples, de um esforço para aceitar o fenômeno como dado. Os fenomenologistas colocam-se em oposição à tendência na cultura ocidental,