CAPITALISMO E CONFLITO SOCIAL
O capitão Nascimento tornou-se um ícone pop, apresentado como o símbolo do salvador dos ricos (é só lembrar da carta pública de Luciano Huck reivindicando o seu capitão Nascimento quando teve o seu belo Rolex roubado no Rio de Janeiro), e do justiceiro dos pobres, que anseiam pelo fim da violência urbana a qualquer custo.
O mais assustador não era ver Luciano Huck, representante dos ricos cariocas, exigir o seu capitão Nascimento, como um playboy raivoso e medroso que procura o seu segurança particular. O pior era ver o quanto a mensagem do filme se perpetuou entre a classe trabalhadora, que urrando as frases de efeito do filme (“Homem de preto, qual é sua missão?… Entrar pela favela e deixar corpo no chão”) exigia a moralização sanguinária que o Bope se propõe a executar. O Rambo carioca estava muito bem inventado, mas não havia terminado ainda sua saga.
Mesma tese
A continuação da série, Tropa de Elite 2, mudou o foco, mas não a tese central de seu discurso. A trama recai sobre o tema corrupção, mas desta vez, tendo como eixo a ascensão das milícias na sua relação entre policia e políticos, num “sistema” em que Estado e a grande mídia retroalimentam a desgraça social urbana. A crítica se aprofunda, na medida em que ao debater o que é este “sistema”, mostra escancaradamente algumas das contradições sociais que promovem a violência urbana. Assim, a complexidade e a qualidade do filme Tropa de Elite 2 são ainda mais envolventes que o primeiro. A inserção de um personagem baseado no deputado estadual do PSOL, Marcelo Freixo, na trama conhecido como Fraga, permitiu ao grande público conhecer a batalha enfrentada pelo PSOL na luta contra as milícias.
Caráter conservador
O bom desenvolvimento do roteiro torna-o digno de boas discussões sobre as motivações da violência urbana, no entanto, ao contrário do que alguns críticos mais à esquerda apontam, o filme mantém o seu caráter conservador. Como o próprio diretor afirma, ele é