Capitalismo e burocracia
Nildo Viana
O modo de produção capitalista ,ao que tudo indica, está próximo de uma nova grande crise. Isto coloca, para nós, o problema de quais são as alternativas que existem ao capitalismo. Do nosso ponto de vista, só existem duas possibilidades históricas que possuem forca suficiente para se materializar: a autogestão e o modo de produção burocrático.
Se a autogestão é produto da classe operaria, o modo de produção burocrático é produto da burocracia. O capitalismo realiza uma expansão da divisão social do trabalho numa escala nunca vista antes na história da humanidade. Neste processo de expansão criam-se várias classes sociais, sendo a burguesia e o proletariado as duas classes fundamentais deste modo de produção. A burguesia, para combater as classes exploradas cria a sua principal classe auxiliar: a burocracia (também chamada de ”tecnocracia” e de “classe dos gestores”). Portanto, o capitalismo cria como seu produto mais genuíno as seguintes classes: a burguesia, o proletariado e a burocracia. A partir daí a superação do capitalismo pode ocorrer através da implantação da autogestão, expressão dos interesses do proletariado, ou do modo de produção burocrático. Daí a importância da compreensão do fenômeno burocrático, pois a burocracia pode ser um obstáculo à revolução autogestionária. Marx dizia que o comunismo significa o controle consciente da “associação dos produtores” sobre as condições materiais e sociais de vida, ou seja, pelo planejamento coletivo autogerido. Os seus epígonos confundiram isto com a “planificação socialista do estado operário”. Assim, socialização e estatização dos meios de produção tornam-se equivalentes, já que é o estado, ou seja, a burocracia, que elabora o plano. Entretanto, a planificação estatal cria, quando predomina a “lei do valor“, o capitalismo de estado ou, quando ela não predomina,