Capital Humano
Autores: Jorge Alexandre Neves, Danielle Cireno Fernandes e Archibald Haller
Resumo:
É sabido que os retornos salariais do investimento em capital humano variam de acordo com fatores estruturais vários. Contudo, pouco ou nada tem sido pesquisado a respeito dos efeitos da segmentação do trabalho entre firmas e/ou subsetores da economia que aplicam técnicas organizacionais fordistas e pós-fordistas sobre a determinação dos níveis salariais. O objetivo principal deste estudo é, portanto, o de verificar a relevância desta questão para o setor agropecuário no Brasil. A diferenciação entre práticas organizacionais fordistas e pósfordistas na agropecuária já vem sendo bem documentada. O problema de pesquisa que cabe então ser analisado é se esta diferenciação se reflete sobre o processo de determinação dos salários da mão-de-obra do setor primário no Brasil como se poderia esperar a partir da abordagem teórica da especialização flexível ou se, na verdade, muitas das conseqüências atribuídas ao modelo organizacional pós-fordista não se confirmam na realidade, levando muitos a vê-lo apenas como uma reinvenção do fordismo ou, como preferem alguns, um neofordismo.
1- Introdução
Até recentemente acreditava-se que os retornos salariais dos investimentos em capital humano da força de trabalho do setor agropecuário no Brasil eram praticamente nulos (Patrick e Kehrberg, 1973; Singh, 1992). Análise mais recente (Neves, 1997) indicou que tal afirmação parece ser inverídica. Parecia realmente contraditório que fatores de capital humano não demonstrassem efeito significativo sobre os salários de trabalhadores da agropecuária, quando é bastante conhecido que em outros setores da economia brasileira os retornos salariais dos investimentos em capital humano estão entre os maiores do mundo.
Sabendo-se que os retornos econômicos para a força de