CAPITAL CULTURAL NADIR ZAGO
A escolha do estabelecimento de ensino pelas famílias
A ação discreta da riqueza cultural
Maria Alice Nogueira
Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais
A publicação, no número 3 da Revista Brasileira de Educação, da resenha do livro norte-americano School choice: examining the evidence, feita por Maria Malta Campos, deixou-me, por um lado, satisfeita por ver que o debate sobre a escolha do estabelecimento de ensino pelas famílias, que, no exterior, vem conquistando crescentemente o interesse dos sociólogos da educação, chega agora ao Brasil. Por outro, interpelou-me no sentido de dar continuidade a essa discussão, injetando nela a contribuição mais recente de pesquisadores europeus a que tive acesso por ocasião de um estágio de trabalho junto à Equipe de Sociologia da Educação do CNRS/Paris V, na França.
Apesar de tratar o assunto do modo abreviado que, por sua própria natureza, toda resenha impõe, o texto publicado fornece uma visão do atual quadro educacional norte-americano no que tange às políticas educacionais de escolha do estabelecimento de ensino, mas vale sobretudo pela informação que traz sobre os resultados das pesquisas sobre os conteúdos e os primeiros efeitos das reformas implantadas em alguns dos sistemas estaduais
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e municipais de ensino daquele país. De todo o material apresentado — que inclui outros trabalhos que só indiretamente estão presentes na coletânea resenhada — fica a sensação de que vários pontos em comum aproximam as análises feitas num e noutro lado do Atlântico, no interior das quais expressões como “school choice” ou “choix de l’établissement” foram formuladas, e já se vêm consagrando entre os pesquisadores.
E o primeiro deles reside na constatação de que um fenômeno emergente vem, nos dias de hoje, acrescentar à (já complexa) relação entre as famílias e a instituição escolar um aspecto novo e até aqui ignorado, a saber, o problema da definição do