Capela Nossa Senhora do Rosário
Concebida ao mínimo detalhe por Henri Matisse, mestre do Fauvismo, a Capela do Rosário, em Vence, França, é em primeiro lugar um lugar de recolhimento extraordinariamente conseguido.
Quando o trabalho foi concluído, a irmã dominicana Jacques-Marie pressentiu que a capela arriscava-se a não “passar”. Que o caminho da cruz era de uma rara violência, os desenhos eram demasiado sóbrios para uma igreja, o altar voltado para a assembleia.
Estamos em 1951. O Concílio ainda não tinha sido anunciado. “E por que o seio?”, perguntou ela a Matisse. “É para mostrar a maternidade da Virgem, sem a qual ela não teria razão de ser”, respondeu-lhe o mestre. “E por que a violência do caminho da cruz?” “Porque é um drama, minha irmã. Tudo se enovela e acontece a grande velocidade.”.
A irmã Jacques-Marie, que tinha pedido há Matisse alguns dias para “digerir” a obra, só ficaram meio convencidos. No entanto não vai demorar muito tempo para amar profundamente esta capela. Um pouco porque respeita o mestre e partilha com ele uma profunda cumplicidade, mas, sobretudo porque seguiu, compreendeu e partilhou a sua evolução renovadora. Em pouco tempo compreendeu tudo. Mas pressentiu que seria necessário explicar as escolhas do mestre e, ao tempo, não havia especialistas em comunicação. Sobretudo neste domínio. E aquilo que ela temia, aconteceu. A revolucionária capela é mal recebida. O modernismo foi difícil de aceitar. “Muitos visitantes insultavam-nos e não se poupavam a expressá-lo no livro de honra. Houve mesmo algumas manifestações na capela; conseguimos restabelecer a calma, mas não sem consequências”.