Capela de Rosslyn, um enigma botânico em pedra?

História de arte, análise de monumento
✿Capela de Rosslyn, um enigma botânico em pedra?✿

Rodeada por mitos e lendas e objecto de múltplos estudos e teorias, a capela de Rosslyn, na escócia sensivelmente a kms de Edimburgo, foi catapultada para ribalta pela obra de Dan Brown "O códico Da Vinci" e por algumas obras que a remetem para um suposto passado templário, possíveis associações massónicas e presença garantida na lenda do "Santo Graal". Contudo, quando atentamos nos relevos vivos e intrincados que parecem despertar na pedra alva uma respiração que envolve o visitante numa enebriante visão de um bosque de pedra, somos confrontados com uma questão pertinente:

Haveria uma intensão deliberada de deixar gravadas determinadas espécies botânicas muitas das quais com valiosos com princípios medicinais? Nenhum visitante fica indiferente aos minuciosos relevos de folhagem e flores representados nos frisos, colunas e arquitraves da construção; além da quantidade, há duas outras questões que vale a pena mencionar: por um lado a multiplicidade de espécies e por outro a originalidade das mesmas uma vez que algumas não são tradicionalmente representações decorativas deste período nem são encontradas noutras construções com características semelhantes.

De algumas espécies mais familiares à escultura deste período, como o lírio branco, a folha de acanto nos capiteis, uvas e videiras, folha de couve frisada (muito saudável!), heras, trepadeiras, e trevos de três folhas ( com possível associação à trindade), passamos a outras espécies identificaveis como ramos de trigo ou cevada: num dos pequenos frisos são evidenciados pela mão de uma desgastada figura feminina que remotamente parece lembrar Demeter, senhora das colheitas; são curiosas as flores de Rosa canina presentes em abundância, mas mais ainda os seus frutos, fonte de vitamina C e anti-oxidantes, tradicionalmente utilizados em doces, compotas mas também xaropes que na época serviam as gripes, resfriados e outras