Cap. 20
CULTURA E INDÚSTRIA CULTURAL NO BRASIL
Escrever sobre cultura no Brasil significa trabalhar com uma quantidade e diversidade imensa de expressões – como festas, danças, músicas, esculturas, pinturas, gravuras, literatura (contos, romances, poesia, cordel), mitos, supers¬tições, alimentação – presentes no cotidiano das pessoas e incorporadas ou não pela indústria cultural.
Se alguém tem dúvida a respeito dessa diversidade, deve consultar os tra¬balhos de Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), principalmente o Dicionário do folclore brasileiro, no qual está registrado um pouco de todas as expressões culturais brasileiras, ou o livro de Fernando de Azevedo (1894-1974), A cultura brasileira, que apresenta um amplo panorama de nossa cultura, envolvendo uma análise histórica da vida intelectual no Brasil. Ao mostrar nossa grande diversidade cultural, esses dois autores, entre outros, nos ajudam a entender a dificuldade que é formular uma única definição de cultura brasileira.
O que caracteriza nossa cultura?
Na América portuguesa, no século XVI, as culturas indígenas e africanas, apesar da presença marcante, não eram reconhecidas pelos colonizadores e ex¬pressavam-se à margem da sociedade que se constituía sob o domínio lusitano. Tal sociedade tinha como principal referência à cultura européia, que procurava imitar. Nas palavras do sociólogo Antonio Candido, “imitar, para nós, foi in¬tegrar, foi nos incorporarmos à cultura ocidental, da qual a nossa era um débil ramo em crescimento. Foi igualmente manifestar a tendência constante de nossa cultura, que sempre tomou os valores europeus como meta e modelo”.
No entanto, se o Ocidente e, depois, o Oriente nos forneceram elementos es¬senciais para a construção de uma cultura difusa, esta não pode ser compreendida sem suas raízes indígenas e africanas, que impregnaram nosso cotidiano, desde a comida, a vestimenta e a habitação até a dança, a pintura e a música.
Se ficarmos apenas com a música brasileira,