canudos
Canudos foi, sem dúvida, o movimento de religiosidade popular mais estudado e de maior significado para o Brasil. Localizado no sertão da Bahia mais precisamente em Belo Monte tinha em Antonio Conselheiro a figura de seu grande líder. Teve seu início nos fins de outubro de 1896 mas só foi virar motivo de preocupação para a república após a derrota da terceira expedição comandada pelo coronel Moreira César em março de 1897. Na quarta e última expedição quando Canudos já era vista como uma séria ameaça a estabilidade do regime republicano organizou-se um plano estratégico sob o comando do general Arthur Oscar de Andrade Guimarães onde todas as forças do país foram convocadas para lutar em nome da república contra os “fanáticos” religiosos de Antonio Conselheiro. No dia 5 de outubro de 1897 o exército invade o arraial de Canudos. Dia 22 de setembro de 1897 Antonio Conselheiro morria de causa desconhecida. Desta forma estava terminada a ameaça monarquista e garantida a hegemonia da república. Porém, o objetivo deste texto não é analisar a cronologia dos acontecimentos da guerra de canudos, mas sim discutir suas implicações políticas e religiosas dentro do contexto histórico da república recém instaurada. Para isto travarei diálogos com os textos discutidos ao longo do curso e com os jornais pesquisados no setor de microfilmagem do CENTUR.
A primeira visão a ser destacada a cerca do movimento de Canudos é a de Euclides da Cunha retratada na sua principal obra “Os sertões” e que a autora Jacqueline Hermann analisa tão bem no seu texto “A religião e a política no alvorecer da república: os movimentos sociais de Juazeiro, Canudos e Contestado”. Euclides da Cunha que esteve no cenário da guerra como correspondente de um jornal, inicialmente tinha uma visão eminentemente política de Canudos e via o movimento como um foco de restauração monárquica. Mas quando entrou em contato com a realidade do sertão baiano,