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Este artigo propõe expor a respeito de como se dá o desenvolvimento da atenção voluntária na abordagem da Psicologia Histórico-Cultural. Entende-se que conhecer como se desenvolve este tipo de atenção, especialmente na referida perspectiva teórica, oferece subsídios para fazer contraposição à concepção predominante a respeito dos problemas de atenção e controle voluntário do comportamento, conhecidos hegemonicamente como Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). O texto aqui apresentado é resultado de uma pesquisa realizada no mestrado em Psicologia. Esta teve como objetivo principal o estudo do desenvolvimento da atenção voluntária no entendimento da Psicologia Histórico-Cultural (Leite, 2010).
Antes de abordar a questão do desenvolvimento da atenção, é necessário esclarecer o que se entende como a visão hegemônica do TDAH. A definição mais difundida para o problema é aquela encontrada no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV). Conforme o manual, o transtorno "consiste num padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade, mais frequente e grave do que aquele tipicamente observado nos indivíduos em nível equivalente de desenvolvimento" (DSM-IV-TR, 2003, p. 112).
As explicações para esse padrão persistente de desatenção, frequentemente, recaem sobre desajustes no organismo do indivíduo. Atualmente, a ideia mais propagada e aceita é a de que indivíduos com TDAH têm problemas na transmissão e recaptação de neurotransmissores como a norepinefrina e a dopamina, especialmente deste último. As áreas do córtex que estariam envolvidas nessa "falha" com os neurotransmissores seriam os lobos frontais (Barkley, 2008; Brown, 2007).
O entendimento de que o TDAH é um problema de origem orgânica vem servindo de base para que se acredite que sua etiologia seja genética, tendo transmissão hereditária. É importante destacar que a origem genética do problema não está completamente confirmada, no entanto,