Canto VIII - Os lusíadas
Português
VIRIATO
Viriato
Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memoria em nós do instinto teu.
Nação porque reincarnaste,
Povo porque ressuscitou
Ou tu, ou o de que eras a haste-
Assim se Portugal formou.
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada,
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.
Fernando Pessoa, Mensagem
Análise estilística do poema
Métrica
3 Quartetos.
Todos os versos são octossilábicos.
Esquema rímico
Rima cruzada, alternativamente grave e aguda nos dois primeiros quartetos e grave na terceira.
Número de versos
12
Observações
Discurso a 2ª pessoa;
Uso de metáforas (por ex. “haste”);
Uso de sinédoque;
Uso de símiles (o dia nascente).
Viriato é uma figura mítica da história de Portugal, foi um chefe militar da tribo dos Lusitanos, no século II a.C. e que congregou sob o seu poder grandes territórios no centro da Península Ibérica, resistindo com imenso fulgor aos invasores Romanos.
Análise dos versos da primeira estrofe:
Se a alma que sente e faz conhece
Se há importante memória na nossa alma da nossa historia.
Só porque lembra o que esqueceu,
Porque a historia, a memória do passado esquecido, é a base da atualidade.
Vivemos, raça, porque houvesse
Os portugueses de agora existem e são assim.
Memória em nós do instinto teu.
Pela memória que tem do instinto que movia Viriato nas suas ações.
Análise contextual da primeira estrofe:
A importância dada aos mitos foi-se reduzindo ao longo dos anos mas contínua presente. Isto porque Viriato, sendo já um homem, é um “menos mito” que o Ulisses, mas continua a ser uma espécie de mito, porque sabe-se pouco sobre a sua história e desde a sua morte acrescentou-se sempre algo a ela. Assim, Fernando Pessoa começa a decrescer a sua ordem do mito, partindo de Ulisses (o mito absoluto), e continuando com Viriato (uma