Cantigas trovadorescas
Cantigas Trovadorescas
Cantiga de amor
Afonso Fernandes
Senhora minha, desde que vos vi, lutei para ocultar esta paixão que me tomou inteiro o coração; mas não o posso mais e decidi que saibam todos o meu grande amor, a tristeza que tenho, a imensa dor que sofro desde o dia em que vos vi.
Quando souberem que por vós sofri
Tamanha pena, pesa-me, senhora, que diga alguém, vendo-me triste agora, que por vossa crueza padeci, eu, que sempre vos quis mais que ninguém, e nunca me quiseste fazer bem, nem ao menos saber o que eu sofri.
E quando eu vir, senhora, que o pesar que me causais me vai levar à morte, direi, chorando minha triste sorte:
"Senhor, porque me vão assim matar?"
E, vendo-me tão triste e sem prazer, todos, senhora, irão compreender que só de vós me vem este pesar.
Já que assim é, eu venho-vos rogar que queirais pelo menos consentir que passe a minha vida a vos servir, e que possa dizer em meu cantar que esta mulher, que em seu poder me tem, sois vós, senhora minha, vós, meu bem; graça maior não ousarei rogar.
* Essa cantiga de Afonso Fernandes mostra algumas características de incorrespondência amorosa. O trovador expressa o que sente mais de uma maneira que expressa súplica, a mulher que ele conheceu está sendo idealizada em que ele se declara a ela, ele expõe os argumentos que justificam sua desgraça.
Cantiga de amigo
Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado, se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amigo, o por que eu sospiro!
E ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amado, por que hei gran cuidado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Martin Codax
* Essa cantiga mostra a tristeza da mulher que espera ansiosamente pelo amigo, visa bastante às ondas do mar de Vigo e sobre o regresso de seu amado. Ela apresenta um eu - lírico feminino, porém com um autor masculino, estrutura paralelística e em galego