Cantiga de amor
"A dona que eu am'e tenho por Senhor amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for, se non dade-me-a morte.
A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus, se non dade-me-a morte.
Essa que Vós fezestes melhor parecer de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer, se non dade-me-a morte.
A Deus, que me-a fizestes mais amar, mostrade-me-a algo possa con ela falar, se non dade-me-a morte."
Bernal de Bonaval
Possui o eu- lírico masculino, o assunto principal é o sofrimento amoroso do eu- lírico perante a mulher idealizada e distante, com amor cortês e vassalagem amorosa.
CANTIGA DE AMIGO
Ai flores, ai flores do verde pinho se sabedes novas do meu amigo, ai deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado, ai deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo, aquele que mentiu do que pôs comigo, ai deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado, aquele que mentiu do que me há jurado ai deus, e u é?
(...)
D. Dinis
A cantiga de amigo é expressa em uma voz feminina, embora seja de autoria masculina, em virtude de que naquela época às mulheres não era concedido o direito de alfabetização. Tais cantigas tinham como cenário a vida campesina ou nas aldeias, e geralmente exprimiam o sofrimento da mulher separada de seu amado (também chamado de amigo), vivendo sempre ausente em virtude de guerras ou viagens inexplicadas. O eu lírico, materializado pela voz feminina, sempre tinha um confidente com o qual compartilhava seus sentimentos, representado pela figura da mãe, amigas ou os próprios elementos da natureza, tais como pássaros, fontes, árvores ou o mar.
CANTIGA DE ESCÁRNIO
Ai, dona fea, foste-vos queixar que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia!...