Cantiga da Ribeirinha
1º Documento considerado Literatura em Portugal ( 1189-1998?)
A Ribeirinha
1- No mundo non me sei parelha,
2- Mentre me for como me vai,
3- Cá já moiro por vós, e – ai!
4- Mia senhor branca e vermelha.
5- Queredes que vos retraya
6- Quando vos eu vi em saya!
7- Mau dia me levantei,
8- Que vos enton non vi fea!
9- E, mia senhor, desdaqueldi, ai!
10- Me foi a mi mui mal,
11- E vós, filha de don Paai
12- Moniz, e bem vos semelha
13- Dhaver eu por vós guarvaia,
14- Pois eu, mia senhor, dalfaia
15- Nunca de vós houve nem hei
16- Valia dua correa. *Cantiga de amor
Veja agora essa mesma cantiga em Português atual:
No mundo ninguém se assemelha a mim (parelha: semelhante) enquanto a vida continuar como vai, porque morro por vós, e ai minha senhora de pele alva e faces rosadas, quereis que vos descreva (retrate) quando vos eu vi sem manto (saia: roupa íntima)
Maldito dia! me levantei que não vos vi feia (ou seja, a viu mais bela)
E, mia senhora, desde aquele dia, ai! tudo me foi muito mal e vós, filha de don Pai
Moniz, e bem vos parece de ter eu por vós guarvaia (guarvaia: roupa luxuosa) pois eu, minha senhora, como mimo (ou prova de amor) de vós nunca recebi algo, mesmo que sem valor. (correa: coisa sem valor)
Observação: a guarvaia era um manto luxuoso, provavelmente de cor vermelha, usado pela nobreza.
As Cantigas se dividem em: Líricas e Satíricas
1) Líricas: Amor e amigo
A) Amor: De um homem para uma mulher; eu lírico masculino.
Exemplo: A Cantiga da ribeirinha
B) Amigo: De uma Mulher para um homem; eu lírico feminino.
* apenas os homens compunham na época.
Exemplo: cantiga de amigo ( a mulher se queixava à natureza a ausência do amado) Ai flores, ai flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo,