Cangaço
O cangaço vem do tempo em que o sertão ainda não havia sido desbravado. Os jagunços eram boiadeiros que passavam a exercer um estilo de vida miliciano. Armas penduradas por todo o corpo, além do "gibão" e chapéu de couro, característicos dos vaqueiros, um só cangaceiro levava consigo, também, várias facas de ponta, peixeiras, facões, punhais, cartucheiras e espingardas.
O cangaço existe desde antes do início do século XVIII, tempo em que o sertão ainda não havia sido desbravado. Jagunço era o guarda-costas dos fazendeiros ou dos senhores-de-engenho. Havia jagunços no interior da região Nordeste que se constitui dos Estados de Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Território de Fernando de Noronha. Segundo refere Claudionor de Oliveira Queiroz¹ os jagunços deram origem ao cangaço. Um dos primeiros chefes famosos de cangaceiros foi Jesuíno Alves de Melo Calado, "Jesuíno Brilhante".
O jagunço* é um produto tão mestiço no físico e na índole, que reproduz os caracteres antropológicos combinados das raças das quais provém: o índio e o negro escravizado.
Pelo lado etnológico, segundo Nina Rodrigues, não é jagunço todo e qualquer mestiço brasileiro. Jagunço é o mestiço do sertão, que tem as características dos seus ascendentes selvagens – índios ou negros. No jagunço se revelam inteiros o caráter indomável do índio selvagem, o gosto pela vida errante e nômade, a resistência aos sofrimentos físicos, à fome, à sede, às intempéries... (RODRIGUES, Nina. As Coletividades Anormais. Rio de janeiro; Civilização Brasileira; 1939)
Jagunço ou capanga era todo o indivíduo que empunhava uma arma para defender a si próprio, aos seus bens, à sua família, e que, a partir do primeiro crime cometido passava a ser usado, protegido, pelos chefes políticos "(...)que então, se tornavam mais respeitados pela gentalha e mais desejados pelos governantes". Os cabras são mestiços de