Canais de água e de íons
EM
QUÍMICA
Romeu C. Rocha-Filho
O Prêmio Nobel de Química de 2003 foi outorgado ao descobridor dos canais de água e a um estudioso da estrutura e mecanismos dos canais de íons. Este artigo relata, além de breves biografias dos dois laureados, o que são esses canais nas paredes das células e discute a importância deles para processos subjacentes à vida. Prêmio Nobel, canal de água, aquaporinas, canal de íons
O
A seção “Atualidades em Química” procura apresentar assuntos que mostrem como a Química é uma ciência viva, seja com relação a novas descobertas, seja no que diz respeito à sempre necessária revisão de conceitos.
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA
Figura 1: A parede celular não é uma casca totalmente impenetrável, sendo perfurada por vários canais. Muitos deles são especialmente adaptados para íons ou moléculas específicas, não permitindo que outras espécies passem.
Canais de água e de íons N° 18, NOVEMBRO 2003
Fundação Nobel - divulgação
Prêmio Nobel de Química de 2003 foi outorgado pela Academia Real Sueca de Ciências por “descobertas relacionadas a canais em membranas celulares”. Metade do prêmio foi outorgada ao químico e médico Peter Agre (Univ. Johns Hopkins, em Baltimore, EUA) “pela descoberta dos canais de água” e a outra metade ao bioquímico e médico Roderick MacKinnon (Univ. Rockfeller, em Nova Iorque, EUA), “por estudos estruturais e mecanísticos de canais de íons”. Todo ser vivo é feito de células. No caso do corpo humano, elas são tantas quantas as estrelas em uma galáxia: cerca de cem bilhões. Nossas células (musculares, renais e nervosas, por exemplo) agem juntas em um complexo e delicado sistema, cujo funcionamento envolve fantástica família de engenhos moleculares, como os canais de água e os canais de íons. Como diversas doenças podem ser atribuídas ao funcionamento inadequado dos canais de água e de íons, o conhecimento na escala molecular de como eles são e funcionam tem importantes consequências médicas, pois