Campo Penal Tarrafal
(Cabo Verde)
“A mais brutal expressão da violência do Estado Novo, o Tarrafal foi uma prisão criada na ilha de Santiago, em Cabo Verde.”
A Colónia Penal do Tarrafal, situada no lugar de Chão Bom do concelho do Tarrafal, na ilha de Santiago (Cabo Verde), foi criada pelo Governo português do Estado Novo a 23 de Abril de 1936.
Em 18 de Outubro de 1936 partiram de Lisboa os primeiros 152 detidos, entre os quais se contavam participantes do 18 de Janeiro de 1934 na Marinha Grande (37) e marinheiros que se tinham amotinado a bordo de um navio de guerra no Tejo.
O Campo do Tarrafal, ou Campo de Concentração do Tarrafal, como ficou conhecido, começou a funcionar em 29 de Outubro de 1936, com a chegada dos primeiros prisioneiros.
No Tarrafal não havia câmaras de gás, como nos campos de concentração nazis, mas os presos eram submetidos a um regime de morte lenta - por isso ficou conhecido como o «Campo da Morte Lenta».
Os maus tratos e a má alimentação, as doenças sem tratamento e o clima, mataram 32 dos portugueses que para lá foram deportados.
Nas primeiras levas de prisioneiros enviados para o Tarrafal encontravam-se muitos dos participantes nas greves do 18 de Janeiro de 1934 e da revolta dos marinheiros de Setembro de 1936, na sua grande maioria comunistas, mas também outros antifascistas, sindicalistas e anarquistas.
Entre os presos políticos enviados para o Tarrafal encontrava-se o Secretário-Geral do PCP, Bento Gonçalves, onde viria a ser assassinado.
Bento António Gonçalves, secretário-geral do PCP desde 1929. A sua morte ocorreu a 11 de Setembro de 1942, conforme indica o director do Campo, capitão Olegário Antunes, numa nota enviada ao director da PVDE. Nessa nota pode-se ver que Bento Gonçalves terá falecido às 19 horas e 30 minutos do dia 11, «vitimado por febre biliosa hemoglobinúrica»