CAMIL O
Ana Maria Machado
Camilo era um leitão. Um porco grande, o Camilão. Não era um porco dos mais porcos. Mas era preguiçoso. E muito guloso. Um comilão, esse Camilão. Mas não queria saber de trabalhar para ganhar comida. Preferia comer cada dia em casa de um amigo. Ou então, pedia uma comidinha aos outros. Ninguém se incomodava, porque todos gostavam dele e achavam graça naquela gulodice. Que não fazia mal a ninguém. Só mesmo ao Camilão. Um dia Camilão saiu de casa com uma cesta vazia. No fundo, só um guardanapo. E na roça do seu Manduca, encontrou o cachorro Fiel. _ Bom dia, amigo. Que é que você está fazendo? _ Trabalhando, tomando conta destas melancias.
_ Puxa, quantas melancia! E eu aqui com tanta fome que acho até que vou desmaiar. Será que você podia me arranjar uma? _ Está bem. Uma só não faz falta. Tome. E lá se foi Camilão pela estrada. Com sua cesta. Na cesta, uma melancia. O guardanapo por cima. E encontrou o burro Joca puxando uma carroça. _ Bom dia, amigo. Que é que você está fazendo? _ Trabalhando. Levando essas abóboras para o mercado. _ Puxa, quanta abóbora! E eu aqui com tanta fome que acho até que vou desmaiar. Será que você podia me arranjar umas? _ Está bem. Tome duas. Não vão fazer falta. E lá se foi Camilão pela estrada. Com sua cesta. Na cesta, uma melancia e duas abóboras. O guardanapo por cima. E encontrou a vaca Mimosa, lá no curral. _ Bom dia, amiga. Que é que você está fazendo? _ Trabalhando. Fazendo manteiga, queijo, requeijão. _ Puxa, quanta coisa! E eu aqui com tanta fome que acho até que vou desmaiar... Será que você podia me arranjar alguma coisa? _ Está bem. Tome três queijos e quatro litros de leite. E lá se foi Camilão pela estrada. Com sua cesta. Na cesta uma melancia, duas abóboras, três queijos, quatro litros de leite. Por cima o guardanapo. E encontrou a galinha Quiqui, na porta do galinheiro. A mesma conversa. O mesmo pedido. Quiqui gritou lá de dentro: _ Meus filhos! Seu Camilo quer milho! E os