Camaçari
Consuelo Nunes[1]
A cidade de Camaçari nasceu às margens do Rio Joanes durante a 1ª missão Jesuíta no Brasil. A Fazenda, que se tornou vilarejo, tinha como principal característica um aspecto de colônia de férias, o que era proporcionado pelo seu ecossistema, seus rios cristalinos, onde as pessoas costumavam se banhar, e pôr uma lama riquíssima em minerais, que era aconselhada pela medicina da época, para cura de distúrbios orgânicos e problemas de pele.
A vida da população era regida pela linha férrea e pelos trens que por ali passavam. A praça, construída ao lado da estação, era palco de encontros de jovens, os quais passavam seu tempo a tocar violão, e onde viviam grandes amores. Porém com a vinda do Pólo, houve um “rompimento de uma lógica funcional do espaço urbano orientada pelo apito do trem para se orientar pelo barulho da fábrica” (BRITO, Rita, 2000, p.106).
A cidade que antes tinha ruas com nomes de moradores ilustres, hoje, possui radiais, eixos, concêntricas. O sentimento de presença, de construção histórica foi substituído pela lógica racional. A memória do município foi apagada e uma cidade sem história, sem costumes não tem os elementos necessários para ser uma grande nação.
Alguns dados históricos informam que a mudança ocorreu na administração do prefeito Humberto Hellery durante o regime militar. Tal prefeito, por ser um militar, era consideradocapaz de administrar melhor o território de Camaçari, tido como área de segurança nacional.
Por muitos anos a cidade esteve descaracterizada. A população que vivia no município não constituiu nenhum laço de afetividade pelo território, já que desde o princípio havia um sentimento de exploração e um grande processo de transitoriedade, fatores que contribuíram para a falta de identidade do município.
A elite agia à distância, decidindo o destino da cidade e a população acreditava que os